13 fevereiro 2015

Cold Coffee

Nunca fui uma rapariga de ter relações, para falar a verdade julgo que nunca tive um namorado (excluindo, obviamente, o rapazito ao qual dei um beijinho quando tinha os meus puros cinco anos).
Apaixonei-me poucas vezes, se é que posso dizer que me apaixonei. Sei que vi meu coração aprisionado por um rapaz que apenas me iludiu, mas nada de mais. Não tornando o aprisionamento do meu ser muito banal, pois vi-me humilhada e a depender de alguém por volta de uns quatro anos, sendo esse um dos maiores fatores para me ver agora na solidão não importando se estou ou não rodeada por uma multidão.
Hoje disseram-me para aproveitar a adolescência, mas como posso fazer isso se me vejo na solidão e aprisionada? Como posso eu recuperar toda a segurança que detinha? Porque é que todos me abandonaram?
Não preciso de um namorado para sair da solidão, só preciso que reparem que existo. Porque eu não estou bem, nunca estive bem. E só preciso de alguém lá para mim, que veja romances comigo até de madrugada e passemos o resto a conversar sem a interferência de qualquer aparelho eletrónico, só preciso que alguém chegue perto de mim e me envolva nos seus braços entregando-me uma caneca de café quente e me sussurre "tudo ficará bem, eu estou aqui".
Tudo o que preciso é de ter alguém comigo, um amigo, um confidente, alguém. Alguém com quem me sinta à vontade até para contar os meus segredos mais sombrios e alguém que confie de igual forma em mim. Alguém com quem possa compartilhar algo incrível, sendo já por si mesmo incrível aquilo que existe entre nós.
Preciso, simplesmente, de alguém.

16 janeiro 2015

"Cansei"

Ele olhava para tudo com o seu mar vago enquanto eu alicerçava o meu olhar nele. Os ventos estavam contra nós e do silêncio se fez a tempestade. O silêncio do coração e das palavras não ditas geram a dúvida no ser do mais tímido, mas o grito dos sentimentos provenientes do coração nem sempre param a dúvida do mais corajoso. A tempestade se gera, não há resposta do outro lado, o vento fala revoltado em relação às injustiças do coração.
Pequenas gotas se revelam ao caírem no chão esperançoso agora arruinado. O sol não quer voltar e eu sinto como se fosse mais um ser miserável na terra procurando por abrigo. Os danos provenientes da tempestade não querem ir embora e então uma pequena mancha negra fica marcada no coração, como que algo arrancado do seu lugar, sendo os danos de uma rejeição que com o tempo poderá voltar a ser preenchido... ou não.
O grito continua, ele não quer aceitar que acabou, não se quer calar. Mas a tempestade abafa o ruído do coração, cansada de se sobrepor ela apenas murmura aos ventos "Cansei" e tudo se cala. Se cala a tempestade, se calam os ventos, se cala a dor, se cala o grito, se cala o coração. "Cansei".